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Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.
Manoel de Barros
“Na maioria dos casos, quando os professores se deparam com ‘problemas’ como um aluno homossexual ou uma aluna grávida – é assim que muitos vêem –, eles logo encaminham estes estudantes para o psicólogo da escola. O grande desafio é fazer os professores compreenderem que eles devem lidar com essas questões sim. Eles têm o compromisso de formar um cidadão, portanto devem se comprometer com esses temas”, analisa a antropóloga Fabíola Rohden (CLAM/IMS), coordenadora do curso Gênero e Diversidade na Escola, curso semi-presencial de formação de educadores/as nas temáticas de gênero, sexualidade, diversidade sexual, gravidez na adolescência, igualdade étnico-racial e participação juvenil.
Em 2006, o projeto foi realizado em seis municípios de diferentes regiões do país – Niterói e Nova Iguaçu (RJ), Salvador (BA), Maringá (PR), Porto Velho (RO) e Dourados (MS) -, em uma parceria do CLAM (responsável pelo conteúdo do curso e treinamento dos professores) com o governo federal e o British Council. Agora, em 2009, o curso será realizado em 15 cidades do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com as Secretaria de Estado de Educação. Tendo 110 tutores – mestrandos e doutorandos que serão os “professores online” – o curso espera contar com a participação de 3 mil profissionais da educação das redes estadual e municipal do Estado.
“A idéia é sensibilizar esses professores em gênero, sexualidade e raça/etnia e ampliar sua compreensão sobre os processos de preconceito existentes na sociedade, como a homofobia, o racismo e o sexismo. Pretendemos ir além do paradigma da tolerância, mostrando como a escola pode desconstruir estereótipos e preconceitos. Para isso, nosso método é discutir como o preconceito tem feito pessoas sofrerem dentro da escola. O curso é um convite ao debate e à reflexão”, avalia Fabíola Rohden.
O curso foi aplicado no Chile em 2007, em parceria com o Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Mulher, oferecido a alunos/as de Pedagogia da Universidade Arturo Prat. Este ano, além da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 19 universidades vão aplicá-lo em diferentes regiões.
A educadora Bel Santos, coordenadora de conteúdo do curso, lembra que “ao mesmo tempo em que a escola recebe as mazelas da sociedade – como a violência, por exemplo - ela também é um espaço que tem o potencial para construir outro cenário. Os professores precisam entender que ter diversidade na escola não é um problema, e sim, um valor”, diz ela.
Para ela, não será apenas a inclusão das palavras gay, lésbica, negro e mulher nos livros didáticos que vai garantir a transversalidade de temas na escola. A educadora alerta para algo muito comum nas escolas. “Muitas vezes, perde-se o foco da discussão e a responsabilidade da agressão e da discriminação recai sobre o discriminado. Já ouvi por parte de alunos e professores que fulano não foi agredido por ser gay, mas sim por andar rebolando. O foco sai sobre a homofobia e recai sobre o comportamento do discriminado”, afirma.
Ela paroblematiza o fato de alguns professores não considerarem as brincadeiras como manifestações de agressão, naturalizando e banalizando expressões de preconceito. "Dizer para um aluno 'não liga para isso' é muito pouco para quem está sendo chamado de 'mariquinhas'", ressalta.
Na quarta-feira, 11 de março, o curso será oficialmente lançado no Rio de Janeiro, através de uma cerimônia na UERJ com a presença do reitor da universidade, prof. Ricardo Vieiralves, da Secretária de Educação do Estado, Teresa Porto, e as Secretárias de Educação dos municípios em que o curso será ministrado.
Além disso, serão lançadas as publicações “Os desafios da transversalidade em uma experiência de formação on-line: Curso Gênero e Diversidade na Escola”, organizado por Fabíola Rohden, Leila Araújo e Andreia Barreto, e “Gênero e Diversidade na Escola: formação de professores em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais”, organizado por Maria Elisabete Pereira, Fabíola Rohden, Maria Elisa Brandt, Leila Araújo, Graça Ohana, Andreia Barreto e Roberta Kacowicz.
http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5217&sid=7. Acessado em 13.06.2009.
ilustrações: http://www.flickr.com/photos/aussiepatches. (austrália).
Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito. Manoel de Barros
foto: Ana Regina Nogueira